Perspectivas sobre a conceituação de emoção

  • Jul 26, 2021
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Perspectivas sobre a conceituação de emoção

Emoções, entendidas como experiências que incluem processos neurológicos, fisiológicos, motores e verbais, com aspectos sensório-perceptuais, autonômicos-hormonais, cognitivo-atencionais e afetivo-sentimentais (Ostrosky & Velez, 2013) permeia todas as áreas da vida e influenciam a vida diária, o que torna seu estudo imperativo. Esta necessidade perturbadora de compreender as emoções humanas chamou a atenção de diferentes teóricos, cientistas, filósofos e pesquisadores ao longo do tempo e em várias disciplinas, desde a Grécia Antiga até Nossos tempos.

Por esta razão, teorias filosóficas, evolutivas, psicofisiológicas, neurológicas, comportamentais e cognitivas propuseram construtos que acabaram por ser contraditórios e / ou complementares, mas seu valor reside nas contribuições que fazem na abordagem à conceituação e funcionalidade do emoções.

Neste artigo do PsychologyOnline, mostraremos o Perspectivas na conceituação da emoção.

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Índice

  1. Primeiras abordagens
  2. Novas idéias
  3. Conclusões

Primeiras abordagens.

Os gregos, como os primeiros humanos a chegar perto de compreender as emoções, procuram racionalizá-las transformando-as em teoria. Dentre estes, destaca-se Aristóteles, que define emoções ou pathe como afetos psicofísicos, acompanhados de prazer ou dor, que incluem alterações fisiológicas, processos cognitivos (sensações ou percepções, crenças ou julgamentos), disposições em relação ao mundo e desejos ou impulsos (Trueba, 2009). Para Aristóteles, as emoções cumprem a função de dispor o corpo ao movimento, pois, como são o que se sofre, implicam retirá-lo e buscar o equilíbrio (Malo Pé, 2007). Por outro lado, Hipócrates, afirmava que a estabilidade emocional dependia do equilíbrio de quatro humores: sangue, catarro, bile amarela e bile negra (Belmonte, 2007).

Continuando com as abordagens filosóficas, Descarte reconhece as emoções como afetos na alma, que reside na glândula pineal e cuja função é incitar a alma a preservar o corpo ou torná-lo mais perfeito (Casado & Colomo, 2006). Em oposição, Spinoza afirma que a emoção compreende alma e corpo e que seu objetivo é preservar o ser por tempo indeterminado (Casado & Colomo, 2006). Esses filósofos distinguem entre emoções boas e más, aquelas que tendem à perfeição e aquelas que, ao contrário, dificultam a preservação da essência do ser e a afastam da perfeição.

Por outro lado, a perspectiva evolutiva, onde a teoria de Darwin, a emoção é uma resposta às demandas do meio, onde sua função é principalmente a de adaptação e perpetuação da espécie. De acordo com essa teoria, as expressões de emoção evoluem de comportamentos que indicam o que o animal provavelmente fará em seguida (excitação do sistema nervoso); Se os sinais que esses comportamentos fornecem são benéficos para o animal que os apresenta, eles irão evoluir (Princípio da Utilidade); e mensagens opostas são frequentemente indicadas por movimentos e posturas opostas (princípio da Antítese) (Chóliz, 2005).

Darwin também levanta o postulado das emoções básicas e secundárias, em que a expressão facial e o corpo são os principais meios de expressão; Os primeiros são universais, são encontrados em todos os animais, incluindo o homem, são transculturais e inatos, e as escolas secundárias dependem da interação social e de componentes cognitivos mais elaborados (Ostrosky & Vélez, 2013).

James (1884/1985) apresenta mudanças psicofisiológicas para explicar a emoção, já que, segundo ele, essa é a sensação das mudanças corporais produzidas pela percepção de um evento ou estímulo desencadeador. Para diferenciar e descrever as emoções, basta analisar e medir quantitativamente as mudanças fisiológicas observáveis ​​(Malo Pé, 2007). Ao mesmo tempo, Lange afirma que a emoção não deriva diretamente da percepção de um estímulo, mas sim que causa algumas mudanças corporais, cuja percepção por parte do sujeito suscita emoção (Ramos, Piqueras, Martínez & Oblitas, 2009). Nessas teorias, a função das emoções é dada pelo desempenho de comportamentos adaptativos e pela geração de reações de orientação para o organismo.

Novas idéias.

Canhão (1931, citado por Belmonte, 2007) realiza um crítica de James, afirmando que a sensação de alterações fisiológicas não é emoção, pelo contrário, que áreas específicas do cérebro, particularmente o hipotálamo e o tálamo, são os responsável por respostas emocionais integradas, fornecendo ao córtex cerebral as informações necessárias para ativar os mecanismos cerebrais de consciência do emoção.

Portanto, sua função é preparar o corpo para uma possível resposta que envolveria um gasto energético significativo; especificamente, Cannon demonstrou que as mudanças corporais na dor, fome, medo e raiva contribuem para o bem-estar e a autopreservação do indivíduo (Ostrosky & Vélez, 2013). Dentro das teorias de ativação, Lindsley, Hebb e Malmo (1951; 1955; 1959, citado por Chóliz, 2005), sugerem a existência de um processo de ativação único no qual os sistemas corticais, autônomo e somático estariam perfeitamente coordenados e seriam responsáveis ​​pela qualidade das diferentes reações afetivo.

As descobertas e com elas as abordagens do neurociência progrediu através da descrição do circuito de Papez, a organização evolutiva do cérebro Mac Lean, a conexão entre córtex cerebral, sistema límbico e ativador do tronco cerebral do sistema endócrino proposto por Henry, e muitos outros (Belmonte, 2007; Chóliz, 2005; Ostrosky & Vélez, 2013). Atualmente, dentro das estruturas neuronais envolvidas na emoção está o tronco cerebral, hipotálamo, prosencéfalo basal, amígdala, córtex pré-frontal ventromedial e córtex cngulado (Damasio, 1994 citado por Chóliz, 2005; Lane et al., 1997).

A teoria do quarteto (Koelsch, et al., 2015) mostra uma perspectiva teórica, metodológica e epistemológica integrativa que permite uma compreensão holística das emoções humano de quatro sistemas: centrado no tronco cerebral, diencéfalo, hipocampo e córtex orbitofrontal, para partindo das vias aferentes e eferentes, onde além da importância das conexões neurais e sistemas de neurotransmissores, reconhece o papel fundamental da linguagem na codificação destas, bem como na sua expressão, regulação e geradora de emoções nas. outras pessoas. Reconhece que existem processos emocionais associados às necessidades básicas e autorregulação, ou seja, expressão e satisfação das emoções associadas à fome, sono, sexo, entre outras, reguladas pela Hipotálamo

Desta forma, a teoria do quarteto não se concentra apenas nas emoções básicas, mas no apego, explicando assim como elas são criadas. Laços afetivos entre membros de uma mesma espécie, que geram afiliação, comportamentos pró-sociais e protetores de seus pessoas afins. Da mesma forma, como intervêm as estruturas associadas aos processos cognitivos e executivos, como o área orbitrofrontal responsável pela tomada de decisão, também associada ao processamento emocional e recompensa.

Além disso, dentro teóricos comportamentais, Watson coloca a emoção como uma reação hereditária que contém mudanças nos mecanismos do corpo (sistema límbico) que são ativados pela situação (Melo Pé, 2007). Ou seja, são respostas condicionadas que são geradas quando um estímulo neutro é associado a um estímulo não condicionado capaz de produzir uma resposta emocional intensa (Chóliz, 2005). Por sua vez, Skinner concebe a emoção como um comportamento operante ou que produz o resultado desejado, que tende a se repetir (Melo Pé, 2007). A função da emoção é dada pela obtenção de reforçadores produto da interação com o meio ambiente.

Em oposição, teorias cognitivas propõem que a reação a uma emoção é fisiológica, e o que é importante é a interpretação cognitiva dessa reação fisiológica, que determina a qualidade da emoção. A emoção só ocorre após fazer uma avaliação cognitiva do evento ou estímulo relevante, onde causalidade, propriedades e julgamentos são atribuídos a ele (Schachter e Singer, 1962; Lazarus, 1984; Averill, 1982; Arnold, 1960, citado por Chóliz, 2005), com a função de adaptar o indivíduo ao seu meio e que funcione adequadamente na sociedade (Melo Pé, 2007).

Perspectivas na conceituação da emoção - Novas perspectivas

Conclusões.

Em conclusão, eles são diversas contribuições entre teorias filosófico, evolucionário, psicofisiológico, neurológico, comportamental e cognitivo, todos eles dados de a compreensão do mundo em seu momento histórico e as ferramentas de que dispunham para realizar seu pesquisa. Todos reconhecem a função adaptativa das emoções, a importância delas na interação social, na disposição pró-social, sobrevivência, tomada de decisão e processamento racional.

Emoções colorem a vida de cada ser humano, conforme expõe Aristóteles do prazer e da dor, visto que como parte fundamental da vida, estão sempre presentes e se constituem como as duas faces da a mesma moeda no ser humano, dada a partir da ativação de estruturas corticais e subcorticais que promovem fisiológicas, motoras, viscerais, verbais e cognitivo. Como forma de comportamento mediado pelo sistema límbico, as emoções impactam a saúde de cada pessoa, daí a importância de analisar cada uma das perspectivas teóricas que além de propor uma abordagem de compreensão, determine as vias de ação e tratamento das patologias que, em sua maioria, possuem substrato de alteração emocional.

Por fim, afirma-se que existem divergências entre a teoria de Aristóteles, que afirma que a emoção é implicou um processo intelectual e não a única ativação fisiológica, uma vez que requer a linguagem e, portanto, implica a razão; em contraste com o que foi levantado séculos depois por James, que afirma que a emoção é a simples percepção das mudanças fisiológicas. Da mesma forma, é evidenciado grandes diferenças entre as teorias fisiológicas e neurais, já as primeiras entendiam a emoção como a resposta visceral, vascular ou motora, enquanto as neuronais focalizam a gênese e o processo da emoção no cérebro, onde diferentes estruturas corticais estão envolvidas e subcortical.

Da mesma forma, as teorias cognitivas com sua relevância nos processos mentalísticos, onde funções cognitivas e processos de avaliação determinam a emoção se opõe ao que levantada por teorias behavioristas onde a emoção é mais uma forma de comportamento dada pelo condicionamento e cuja função é dada pela estrutura de relacionamento de contingências.

Este artigo é meramente informativo, em Psychology-Online não temos competência para fazer um diagnóstico ou recomendar um tratamento. Convidamos você a ir a um psicólogo para tratar de seu caso particular.

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Bibliografia

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  • Casado, C. & Colomo, R. (2006). Um breve tour pela concepção de emoções na filosofia ocidental. Para a Parte Rei. Revista Filosofia, 47, 1-10.
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  • James, W. (1884/1985). O que é uma emoção? De janeiro Gaviria (Trad.), Estudos de psicologia, 21, 57-73.
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  • Ostrosky, F. & Vélez, A. (2013). Neurobiologia das emoções. Journal of Neuropsychology, Neuropsychiatry and Neurosciences, 13 (1), 1-13.
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  • Trueba, C. (2009). A teoria aristotélica das emoções. Sinais Filosóficos, 11 (22), 147-170.
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