Perfil psicossocial do toxicodependente (caso CAIM

  • Aug 05, 2021
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Perfil psicossocial do dependente químico (caso CAIM - Mérida)

O uso patológico de substâncias psicoativas tornou-se um sério problema de saúde pública (Evans, 1987), a tal ponto que, atualmente, falamos de uma pandemia (Thorne, 1985). A gravidade do problema é acentuada pela dificuldade do tratamento e pela complexidade do processo de reabilitação das pessoas que o sofrem (Crowley, 1988; Harrison, 1994; Jones, 1995; Roback, 1996).

Neste artigo do PsychologyOnline, falaremos sobre Perfil psicossocial do dependente químico (caso CAIM - Mérida).

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Índice

  1. Dados demográficos
  2. Comportamento de viciado em drogas
  3. Método
  4. Primeiros resultados
  5. Resultados e comparação

Dados demográficos.

Algumas figuras eles podem ajudar a ilustrar o acima. Por exemplo, Garbari (1999) aponta que, nos Estados Unidos da América, em 1996, as necessidades de tratamento eram 5,5 milhões de pessoas por uso de drogas ilegais e 13 milhões de pessoas por uso de álcool. Os programas de controle de drogas passaram de $ 650 milhões em 1982 para $ 13 bilhões em 1997, todos isso sem incluir o tabaco e sem mencionar a relação entre os problemas de dependência de drogas com significativo

aumento da morbidade, mortalidade, taxa de suicídio, crime, abuso sexual, violência doméstica e infecções por HIV.

Na Venezuela (Garbari, 1999), o perfil sociodemográfico da pessoa que frequenta tratamento para uso de drogas se dá pelo predomínio do sexo masculino (91%), 15 anos 30 anos (68%), solteiro (74%), ensino médio incompleto (65%), desempregado ou desempregado (56%).

Em relação ao hábito de consumo, a pessoa que frequenta tratamento para abuso ou dependência de drogas é caracterizada pelo início do consumo entre os 10 e 19 anos (83%), uso diário (38%), droga ilícita de início de cannabis (45%), droga secundária cocaína (59%), droga terciária cocaína e crack (44%), droga de maior impacto, cocaína e crack (85%).

Segundo Uzcategui (1998), o perfil do consumidor de cocaína e seus derivados, atendido na Fundação José Félix Ribas, em Mérida, é caracterizado por uma idade de início variando entre 9 e 20 anos (90,2%), sendo mais precoce no caso de mulheres entre 9 e 12 anos (40%) do que em homens com idade de 13 a 16 anos (44,1%). A droga de início mais frequente é o álcool (80,4%) e a motivação para o consumo mais geral é o convite de um familiar ou amigo (52,7%).

O local de início do consumo mais comum é a própria comunidade ou casa (71,5%), com frequência de consumo várias vezes ao dia (41,1%). Isso impressiona quem já trabalhou com dependentes químicos de diferentes nacionalidades e classes sociais, a consistência de algumas "características" ou "modos de ser" dos dependentes químicos em em geral.

Comportamento do viciado em drogas.

Para Yablonsky (citado por Luna, 1998), que pesquisa nesta área há mais de 35 anos, o viciado em drogas nega quem está em dificuldade com a substância psicoativa (ilusão de controle); a família também tenta esconder as dificuldades, negá-las, agarrando-se à ilusão de que seu parente não é viciado em drogas. O evento mais sistemático é que o viciado em drogas mente para si mesmo. “O viciado em drogas usa drogas para prometer a si mesmo que não usará drogas novamente”. E quando ele aceita algo de suas dificuldades em face da substância, ele começa a responsabilizar os outros por seus problemas (vitimização). Outro evento consistente é que o viciado em drogas sabe quais são os pontos fracos e fortes de cada um de seus parentes, dados que lhe permitem manipular ou "chantagear" seu ambiente para conseguir o que quer. O drogado só tem uma ideia na cabeça: como e quando vou usar novamente? Vários autores chamam esse desejo irresistível de "compulsão". Mentir é algo completamente normal para o viciado em drogas, faz com que ele faça parte de seu mundo, chegando a contar mentiras para si mesmo. Maselli (1985) descreve três períodos no desenvolvimento da dependência de drogas.

O primeiro ocorre a partir de contato inicial com a substância psicoativa, até o momento em que professores ou pais ficarem sabendo do seu hobby. Essa fase é denominada por alguns de "lua de mel", uma vez que o viciado em drogas sente sua relação com a substância como "positiva". A "fuga", ou momento de efeito ativo da substância, é um elemento que explica, em grande medida, o apego à substância psicoativa: Por pouco tempo, a substância faz com que o drogado esqueça os problemas e desconfortos, guardando o "bom" da droga. substância. Para alguns especialistas, o primeiro período raramente é inferior a dois anos ou superior a quatro, um dado muito relativo, pois depende da substância e da pessoa. Em algum momento, a pessoa tenta se "libertar" da substância, mas percebe a dificuldade em conseguir isso e começa a mentir para si mesma. O segundo período surge com a divulgação pública da situação. Isso produz o que pode ser chamado de choque familiar.

Aparecem negações, anulações, sentimentos de culpa e desamparo. O viciado em drogas começa a prometer que vai parar com a droga; a família acredita em suas promessas e o agrada em suas necessidades materiais, pois a culpa domina. A família começa a experimentar comportamentos ambivalentes: presentes e agressividade para tentar controlar comportamentos desviantes. Uma patologia muito complexa é então formada.

A partir do momento em que os familiares e, mais raramente, o toxicodependente, eles pedem conselhos especializados terceiro período começa. Neste último período, a família e o jovem superaram a negação, a auto-ilusão, a vitimização e foram integrados ao tratamento. Por sua vez, os viciados, muitas vezes membros da família, podem sabotar o tratamento e impedir o viciado em abstinência. A negação, por parte da família, é geralmente o primeiro obstáculo na terapia. Não se admite que o familiar em questão esteja doente.

Após a negação, quando o dependente químico está integrado ao tratamento, na maioria das vezes surge uma fase de agressividade da família em relação ao dependente químico. É comum observar o surgimento de novos sintomas ou comportamentos estranhos, em alguns membros da família, quando o dependente químico está integrado ao tratamento ou está "em cura".

Perfil psicossocial do dependente químico (caso CAIM - Mérida) - Comportamento do dependente químico

Método.

A evolução descrita até agora tem se baseado em documentação e estudos predominantemente estrangeiros. A pesquisa venezuelana sobre as características pessoais do viciado tem sido bastante limitada e este relatório representa um esforço exploratório com o objetivo de conhecer alguns aspectos pouco explorados dos consumidores de medicamento.

As perguntas que nos fizemos foram três: Poderia haver um determinado perfil motivacional do viciado em drogas? Existem diferenças entre a autoestima do adicto e a da população em geral? É possível estabelecer algum padrão funcional de personalidade entre o adicto, como pessoa isolada, e os membros de seu ambiente familiar próximo?

Procedimento Com a estreita colaboração de todos os colaboradores do Centro de Cuidados Integrais de Mérida (CAIM) da Fundação José Félix Ribas, foi decidido administrar um questionário multiescala ou autoaplicável, a todos os utentes da consulta da Fundação, entre os meses de Março a Junho de 2000. Dessa forma, obteve-se uma amostra composta por 115 pessoas, 73 consumidores de substâncias psicoativas e 42 familiares acompanhantes. Não foi levado em consideração se as pessoas eram usuárias regulares ou ocasionais do serviço, ou se foi a primeira visita. solteiro verificou-se que a pessoa declarou ter problemas com o consumo de substâncias ilegais ou teve algum familiar afetado pelo problema. Para efeito de comparação, procedemos à seleção do banco de dados de novos ingressos na Universidade de Los Andes (2.230 candidatos de diferentes especialidades) uma amostra aleatória equilibrada, por idade e sexo, para servir como uma amostra normativa, assumindo que este grupo representa a população geral da Região de Mérida.

O multiescala é um Questionário tipo Likert de seis pontos compostos por um total de 153 itens. É composto por um conjunto de subescalas destinadas a medir a Motivação para Realização Pessoal (Romero García e Salom de Bustamante, 1990), Internalidade (Romero García, 1981), Normalidade psicológica (Esqueda Torres, 1997), Agressão (Escalante, 1995), Depressão (Escalante, 1994), Autoestima geral (Rosemberg, 1979), Ansiedade (Esqueda Torres, 1991) e Desajuste psicológico (Esqueda Torres, 1997). Em todos os casos, os sujeitos são solicitados a indicar o grau de discordância ou concordância que julgam ter com cada uma das afirmações que compõem a multiescala.

Dessa forma, é possível obter uma métrica direta da autopercepção que o indivíduo expressa em cada uma das dimensões medidas. Resultados e Discussão Para se ter uma ideia da distribuição dos resultados, as médias e desvios-padrão são apresentados na Tabela 1, em cada um dos variáveis ​​medidas, não apenas para o grupo de usuários de drogas (1) e o grupo de familiares (2), mas os resultados da amostra foram agregados normativo. grupos.

Primeiros resultados.

Sobre tudo se for levado em consideração que a amostra normativa, Representa um benchmark muito estável de variações observadas na população geral em relação às variáveis ​​em avaliação. A amostra normativa foi derivada aleatoriamente levando em consideração o tamanho do grupo pesquisado em a Fundação, equilibrando idade e sexo, de forma que não houvesse viés experimental no comparações. Fica claro, a partir da análise sumária da tabela de médias, que o grupo de consultores por dependência química, em comparação com o grupo normativo, mostra sistematicamente pontuações mais baixas em autoestima, normalidade psicológica (NORTOT) e a medida derivada de ajustamento psicológico (AJUST). Da mesma forma, uma pontuação mais elevada em ansiedade, depressão, desajuste psicológico (RTOT) e agressividade é detectada para o mesmo grupo.

Um comentário especial merece o comparação entre medidas motivacionais: internalidade total (TI) e motivação de realização (Achievement). O grupo de usuários de drogas (e de parentes) aparece com a menor pontuação na medida de internalidade (o sugerindo sua forte tendência à externalidade ou à sistemática atribuição externa dos eventos que explicam seu comportamento); A mesma tendência é observada quando se trata de motivação para realizar. Nessa variável, como se pode verificar, o grupo de dependentes químicos e o grupo de familiares obtêm pontuação inferior ao grupo normativo. Esse fato parece sugerir que a internalidade e a motivação para realização são variáveis ​​que devem ser levadas em consideração. consideração em contextos terapêuticos, quando se trata de processos de recuperação e reintegração social de consultores.

Mesmo que não pareça necessário insista em diferenças diretamente observáveis Entre o grupo de consultores para problemas com drogas, seus familiares e a amostra normativa, será útil destacar algumas comparações interessantes entre os três grupos. Para fazer isso, consulte a Tabela 2, onde as informações estatísticas oferecidas por uma Análise de Variância são resumidas. (ANOVA), que permite estabelecer que existem diferenças significativas entre os três grupos, em cada uma das dimensões medidas.

* Nota do editor: todas as tabelas estão anexadas *

Resultados e comparação.

Do conteúdo da Tabela 2 pode-se inferir que existem diferenças altamente significativas entre os grupos em relação a cada uma das dimensões medidas. Porém, é necessário saber qual grupo específico difere ou apresenta maior variação nos escores de cada variável. Com esse propósito, foi realizado um teste de comparações múltiplas, que está resumido na Tabela 3.

Você pode ver isso o grupo de usuários de drogas difere do grupo de parentes, de forma estatisticamente significativa, na medida de autoestima, desajustes psicológicos, agressão e depressão. Observa-se também que em termos de agressividade, embora os dependentes químicos observem pontuações muito alto em relação à amostra normativa, são os familiares que apresentam um nível de agressividade superior. Em um nível tal que eles diferem estatisticamente de seus parentes afetados pelo uso de drogas. Por outro lado, em termos das medidas motivacionais tomadas, não existem diferenças entre os grupos de dependentes químicos e familiares.

Exterioridade, ou seja, a tendência de considerar que outros agentes ou fatores são os culpados das experiências pessoais que tiveram que viver, é a característica descritiva central para as duas subamostras. A motivação para a realização é baixa para parentes, mas não substancialmente diferente daquela observada na população normativa. No entanto, esse não é o caso observado para os dependentes químicos, que apresentam diferenças estatisticamente significativas em relação à amostra normativa. Conclui-se, então, dos resultados relatados, que o consultor para o uso de drogas é um pessoa com baixa autoestima, com desajustamento psicológico geral grave, alta ansiedade, depressão e agressivo. Da mesma forma, os familiares pesquisados ​​apresentam altos índices de ansiedade e agressividade, provavelmente associados à aos sentimentos de impotência, culpa e desamparo produzidos por testemunhar o colapso progressivo de um ser Caro.

Uma interpretação alternativa que deveria ser investigado posteriormente seria que, justamente, devido ao alto nível de ansiedade e agressividade, esses parentes acabam com um parente viciado, desorganizado e deprimido. Além disso, verificou-se que medidas motivacionais, como internalidade e motivação por realização, não sugerem nenhum padrão particular de expressão (quando os dois grupos são comparados); embora seja claro que tanto os dependentes químicos quanto seus familiares são sistematicamente mais externos do que o que normalmente se observa na população normativa.

Na aparencia, a percepção de controle de eventos é predominantemente externa porque, assumir a responsabilidade direta pelo comportamento viciante pessoal ou familiar seria extremamente custoso em termos do comprometimento emocional que isso implica. Deve-se acrescentar, como consideração final, que os presentes resultados representam uma primeira abordagem para o estudo do perfil. psicossocial do usuário de substâncias psicoativas (consultor da Fundação José Félix Ribas de Mérida) e de seus familiares perto. Obviamente, mais pesquisas serão necessárias para responder às preocupações e questões que surgem deste trabalho.

Este artigo é meramente informativo, em Psychology-Online não temos competência para fazer um diagnóstico ou recomendar um tratamento. Convidamos você a ir a um psicólogo para tratar de seu caso particular.

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Fotos do perfil psicossocial do dependente químico (caso CAIM - Mérida)

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