O senso de coerência como mediador entre atividade física e resiliência

  • Jul 26, 2021
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De acordo com Anaut (2005) existem diferentes manifestações de resiliência, ao nível social (adaptação de competências sociais), escolar (capacidade de adaptação cognitiva e escolar) e emocional (bem-estar psicológico). As competências em qualquer uma dessas três áreas podem se manifestar de forma independente, para que o sujeito possa desenvolver características resilientes em qualquer domínio de competências e mesmo em vários ao mesmo tempo ou em todos eles (Walsh et al, 2010). Mas, apesar de demonstrar sucesso em um domínio, ele pode apresentar deficiências em outras áreas de sua vida (Ungar, 2003) simultaneamente (Luthar et al., 2000).

Na literatura científica, tem-se considerado que existe uma relação positiva entre a participação em atividades esportivas e alguns supostos efeitos ou resultados benéficos, seja em termos de inclusão social (Feinstein et als., 2006), comportamento pró-social (Armor, 2013), resultados acadêmicos (Trudeau et al. als., 2008; Hill et als., 2010) ou bem-estar emocional e social (Eime, 2013).

Pressupõe-se a influência entre a prática desportiva e as competências desenvolvidas através e que este último pode ser transferido para outros domínios ou áreas da pessoa (Jonker, 2011), como o que mecanismos psicológicos subjacentes (processos de autorregulação: planejamento, monitoramento, autoavaliação, reflexão e autoeficácia (Jonker, op. cit.) variados, de difícil contraste e operacionalidade, sendo, em suma, valores sociais, traços e estados psicológicos positivos) e, os chamados senso de coerência ou conjunto de recursos que permitem que um indivíduo agir em situações desafiadoras.

Esses recursos ou características pessoais constituem um construto sobre o qual há mais informação e é o elemento no qual pretendemos focar a nossa atenção, se tentarmos materializar ou verificar a suposta incidência da atividade física e esportiva sobre a capacidade resiliente dos sujeitos, estudados em amostras concreto.

O senso de coerência (SOC): conceito

O senso de coerência (SOC) é definido como um forma generalizada de percepção do mundo (levando em consideração os aspectos cognitivos e emocionais), o que permite que os estímulos recebidos (internos e externos) sejam percebidos como compreensíveis, controlados e significativos. O senso de coerência, portanto, compreende estes três componentes:

  • Compreensibilidade: Supõe que os estímulos que afetam o sujeito são primeiro percebidos como coerentes e estruturados, dando como resultado que a pessoa pode entender, explicar e prever os eventos que são a viver;
  • Capacidade de gerenciamento, assim que o sujeito fizer uma avaliação dos recursos e habilidades disponíveis para fazer frente às demandas relacionado ao estímulo de entrada e, permitirá que você não se sinta impotente para enfrentar as dificuldades que tal situação processe você;
  • O significado: entendida como a crença de que vale a pena participar dos desafios da vida e investir energia na eles, o que significa que a pessoa está convencida de que suas ações fazem sentido (Antonovsky, 1987, p. 19).

O senso de coerência e atividade física

Na literatura, SOC é entendido como um expressão global do grau de confiança que um sujeito tem diante da adversidade, de modo que um alto nível dela está associado a um maior resistência ao estresse e um menor risco de reações patológicas por ele causadas (Fromberger et al.s, 1999; Fuglsang et als., 2002; Hepp et al., 2008). Um SOC mais baixo foi anteriormente associado a níveis mais elevados de sofrimento psicológico após o trauma (Fromberger et al., 1999; Fuglsang et al., 2002; Hepp et al., 2005).

O SOC representa um recurso pessoal autônomo capaz de contribuir diretamente para o bem-estar subjetivo (Sairenchi et al., 2011), implica habilidades para enfrentar o estresse, desenvolve-se desde a infância e adolescência, atingindo seu maior valor na idade adulta (Bezuidenhout e Cilliers, 2010). Em contextos fora da prática de esportes e atividade física, foram encontradas diferenças significativas, que subestimamos não porque sejam considerados irrelevantes, mas porque ocorrem em outras áreas fora do nosso (mundo dos negócios e não do ensino (Harry, 2011)).

Dematteis et als. (2012) aponta que sujeitos com maior SOC “diante de eventos estressantes de vida conseguem colocar em prática os recursos disponíveis para enfrentar de forma eficaz as demandas do médio, perceber as situações de adversidade como desafios e entendê-las melhor, apresentar um padrão de funcionamento pessoal flexível e emocional estábulo. Diante de situações difíceis, consegue ficar calmo, relaxado, não reage com hostilidade, tem alta tolerância à frustração e baixa tendência a vivenciar afeto depressivo ou emocional. vulnerabilidade ”…“ Estas pessoas são caracterizadas por terem um maior grau de organização, persistência, controlo e motivação no comportamento orientado para objetivos, o que significa que raramente agem por impulso. Sentem-se competentes, eficazes perante as exigências externas, têm elevada autoestima e capacidade de encontrar motivação em si próprios.

Nas relações interpessoais são assertivasExpressam confiança nos outros e uma atitude cooperativa que lhes permite resolver os conflitos que possam surgir. São cordiais, afetuosos, sinceros, têm jeito para estabelecer laços íntimos e gostam da companhia dos outros ”. (pp. 20). Objetivos que não sejam alheios à prática de esporte e atividade física, nem exclusivos dela.

Mesmo se não há evidências que liguem a atividade física com um alto SOC, Observa-se que pessoas com tais características (SOC alto) participar com mais frequência de atividades físicas (Honkinen et als. 2005; Kuuppelomäki et als., 2003; Ahola et als. (2012)), embora permaneça a dúvida se eles são pessoas mais ativas fisicamente ou se seu maior nível de atividade física aumenta e melhora o nível de SOC. Eime et als. (op cit.) compilou diferentes estudos que mostram a existência de uma relação positiva entre a participação desportiva e diferentes resultados benéficos para as pessoas, tanto em termos de inclusão social, comportamento pró-social, desempenho acadêmico ou bem-estar social e emocional.

A SOC contribui para o desenvolvimento e manutenção da saúde das pessoas, evoluindo da infância à adolescência, época em que os indivíduos começam a desenvolver uma ideia mais abstrata de si mesmos e um autoconceito mais diferenciado, ao mesmo tempo em que adquirem mais autonomia e tomam decisões maiores sobre si mesmos (Myrin, 2008).

SOC se correlaciona com determinantes da saúde mental, nominalmente com emoções negativas, ansiedade e depressão, o que o torna uma expressão paralela de saúde mental, refletindo a capacidade de gerenciar o estresse, refletir os recursos a serem mobilizados para lidar com uma situação e buscar soluções (Eriksson, 2006). Os indivíduos com um alto SOC terão períodos mais curtos de estresse prejudicial, níveis mais baixos de problemas depressivos e psicossomáticos (Myrin, op.).

Não deve ser esquecido que as condições de criação também contribuem para o aparecimento de um alto SOC, família, status socioeconômico, relações sociais, cultura, gênero e experiências de vida (Honkinen, op. cit.).

Por outro lado, atividade físicaum esporte planejado, em sua dimensão mais educacional, caracterizado por focar no assunto quem participa de determinada atividade, principalmente no nível escolar, dando ênfase mais às habilidades do que na deficiência e, além disso, como aponta Lay (2009): “não olha apenas para os sintomas e patologias.

  • Fortalece recursos pessoais e interações sociais.
  • Facilita um desenvolvimento integral da pessoa em seu ambiente social.
  • Promove uma perspectiva multidimensional, integrando todas as múltiplas causas, condições e efeitos.
  • Obstáculos mais baixos participação e incentiva a integração de todos.
  • Oferece um espaço protegido e confiável, e promove relacionamentos coerentes, coesão e empatia entre todos.
  • Promove a continuidade e sustentabilidade através da integração da aprendizagem do estilo de vida e uma rede de cooperação de entidades, organizações e grupos sociais, o que facilita a reinserção social e uma perspectiva de futuro.
  • Promova a participação ativa de todos em todos os níveis (planejamento, implementação e avaliação das atividades) ”pp. 111-112.
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